segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O verdadeiro valor das coisas


A um tempo atrás, durante uma conversa informal com um dos meus supervisores no trabalho, ele me disse que acreditava que somente dinheiro motivava um funcionário. Eu respondi que pensava diferente e que não apenas dinheiro, mas também boas condições de trabalho, boas relações no ambiente e reconhecimento, faziam muita diferença. Ele disse que se eu recebesse uma proposta que me oferecesse uma remuneração maior, não pensaria duas vezes. Pois bem, eu recebi. Financeiramente bem melhor, mas importava em fazer algo com o qual não me identifico, me vestir e me portar de forma não me agrada e não ter hora pra sair do trabalho. Eu não aceitei. O que me fez ficar foram boas condições, boas relações e reconhecimento. Uma das poucas coisas nas quais eu ainda acredito é que dinheiro não é tudo. Não tem que ser. Agente fica tanto tempo tentando encontrar uma forma de se sentir parte de algo ou sentir que conseguiu chegar a algum lugar que perde o senso do verdadeiro valor das coisas. Agente finge que não sabe ou não vê mas a maior parte das coisas com as quais nos ocupamos não tem importância alguma. A grande maioria dos nossos "amigos" não vão estar lá quando precisarmos, embora sejam nossa companhia nas noites de sábado. A maior parte das nossas roupas nem são usadas e compramos sapatos dos quais nem gostamos. Agente consome tanto lixo industrializado que chega uma certa hora, nem sabemos mais distinguir o que serve e o que não presta. Quantas vezes eu afoguei minhas mágoas em lojas, e depois me desesperei com a fatura do cartão de crédito? Quantos vestidos com etiquetas ainda estão no meu guarda roupa sem uso? Quantas bolsas eu gostaria de não ter comprado? Quantos amigos de verdade se foram sem eu me despedir por estar ocupada com pessoas que não mereciam minha dedicação? Agente se permite perder valor dando espaço a quem não valoriza a intimidade compartilhada, não reconhecendo a raridade de algo sincero num mundo de relações fast-food... mas ainda podemos aprender. Porque estou dizendo todas essas coisas? Talvez por estar precisando conversar com alguém, depois de um dia que foi realmente estranho.

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