domingo, 17 de julho de 2011

Sobre o que não muda em mim


Eu tenho esse defeito, dentre tantos outros, de ficar comprando as coisas, pessoas, situações. Algumas comparações são óbvias, como o fato de o trânsito de antes ser muito melhor que o de hoje. Eu levava no máximo uma hora para chegar a um lugar onde hoje, necessito de uma hora e meia. Também é óbvio que a vida era mais fácil quando éramos crianças e nossas preocupações giravam em torno da prova de matemática e o fato do menino bonito que sentava duas carteiras atrás da minha não me notar. Mas, o tempo passa e nossas percepções do mundo e da vida mudam, assim como nossos parâmetros de comparação também, e por fim, nossas espectativas. Inevitavelmente, tudo fica maior. Agente cresce, nosso mundo cresce, nossas preocupações e vontades também crescem. Mas contraditoriamente, outros áreas permanecem intocadas pelo tempo e sua capacidade transformadora das nossas vontades. Eu tenho uma mania terrível de comparar o hoje com o ontem: as pessoas que hoje estão na minha vida, com as que estavam ontem, a pessoa que eu era ontem, com a que sou hoje. E não são comparações generosas! No fim, eu sempre considero que o ontem era melhor, que eu era mais feliz, que eu estava melhor que hoje, e por aí vai. Não é nada inteligente isso, eu sei. Uma vez me ouvindo falar coisas deste tipo, um amigo me citou o sábio Salomão do livro bíblico, onde ele dizia algo do tipo " com sabedoria, jamais dirias serem os dias passados melhores que os de hoje". Eu concordo. O engraçado disso tudo é que eu concordo, sabe? Eu sei que não sou sábia e que deixo de crescer e me abrir novas, grandes e até melhores oportunidades, quando mantenho meus olhos voltados lá pra trás. Estou pensando em como essa minha caracteristica de manter memórias de forma quase santificadas na mente não ser legal, pelo fato de comparar tanto alguém novo a alguém que já se foi. Eu faço tanto isso... compraro o riso, o cheiro, as manias, a inteligência, a doçura, o carinho de alguém que já se foi da minha vida, com as pessoas que chegam. E as novas pessoas sempre saem perdendo, claro. Elas sempre estão em desvantagem tambem, sendo bem sincera afinal, o novo não é acompanhado da confiança e da lembranças que nos confortam emocionalmente, é fato. Também para ser sincera, é preciso dizer que essa pessoa que já se foi, nem de longe é hoje quem já foi um dia. Mas quando olho pra ela, quando penso nela, quando lembro dela, é o que já não existe que vejo... ou ainda quero ver. As coisas, pessoas, situações mudam!Eu sei disso, mas tenho essa mania de manter o ontem bem aqui comigo, e querer viver como se o tempo não passasse e as coisas fossem sempre as mesmas. Se eu pudesse escolher um poder mágico, algo só meu, acho que seria o poder de congelar o tempo naquilo que foi tão bom que eu não mudaria nada. Porque existiram! Mas se o novo dificilmente consegue me satisfazer hoje, também é fato de que o que já não é, também não. Dilema. (suspiros)

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